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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Desventuras docentes

Um amigo, também docente, me mostrou esta crônica. Gostei e é lógico que não podia deixar de postá-la para dividir com vocês.

Me encontro mais uma vez subjugado pela maldição socrática que martela em minha mente “só sei que nada sei” e quanto mais me convenço desta ácida realidade, tento rever e reconstruir meu aprendizado em tudo que acredito já ter dominado e lá me deparo mais uma vez com uma entrelinha que havia me subtraído ao olhar. Ai então resolvo embarcar nessa busca do que penso que mais preciso descobrir e conhecer? O que ainda a mim, não foi por mim mesmo revelado? Penso e acredito que deva continuar a investir neste saber para não me limitar, para não estancar. Me cobro e permito ser cobrado cada vez mais a fim de minimizar essa distância e chegar perto daqueles que admiro e cobiço o saber. Então me interrogo ameaçadoramente – de que me vale o saber se a mim limitar, se não puder repassar? Opto por ensinar... prática e postura que pareço me reavaliar a todo instante, e ai me lanço na busca de novas fontes, novas formas de repassar, novos recursos a elaborar. Vivo num mundo onde a efemeridade se faz presente a cada instante, e o novo vem me desafiar minha inquietude. Me resta então avaliar o custo desse processo. Não consigo mensurar o que ganho o que perco. Noites que não vejo passar, semanas que não tem finais, viagens para conhecer gente nova dizendo coisa velha, gente velha dizendo coisa nova, alguns dizendo de forma nova coisas velhas. É hora de ir pra sala... Por que tenho que aprender isso? Qual a importância desse assunto na minha vida? Não entendi nada! Chega a hora de responder, mas espero um pouco... há um celular tocando, o aluno que me inquiriu acabou de receber uma mensagem em seu note book de um amigo virtual, é uma dessas correntes e ele tem apenas algumas horas para passar para todos os seus conhecidos, pois corre o risco de nunca mais poder se relacionar com outras pessoas. Paro, respiro, faltam apenas 15 minutos para acabar a aula, a porta se abre, acaba de chegar um aluno retardatário. – Já fez a chamada professor? Não deu pra chegar antes, eu moro longe, acabei de sair do trabalho e não fiz seu trabalho, posso entregar semana que vem? Tenho um breve intervalo, um cafezinho, uma água e um recomeço. Outra turma me espera. Essa aula em especial preparei com muito esmero, perdi sono para dar o melhor de mim. Após o intervalo as energias estão renovadas, chego em sala peço silêncio, dou boa noite... grito silêncio, começo a aula, imploro silêncio. Finalmente consigo concluir o conteúdo, estimulo a participação, torço pela participação, lá no fundo da sala um braço se ergue, me entusiasmo e concedo a palavra – Professor a gente pode sair mais cedo hoje?
PROFESSOR Nazir Rachid Filho

Um comentário:

  1. Putz, o pior é que acaba sendo assim mesmo!...
    E o que será da educação daqui a alguns anos? Já pensou?

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